quarta-feira, 18 de novembro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Racistas são os outros

Odair Rodrigues *
Segundo o pensamento da elite brasileira, o racismo foi inventado no momento em que foram aprovadas as primeiras políticas públicas de ação afirmativa contra a discriminação racial. As leis Afonso Arinos e 7437/85, as cotas para universidade, cuja pioneira foi a UERJ, a lei 10639/03 e atualmente o Estatuto da Igualdade Racial, provocam uma crescente reação tão violenta quanto hipócrita nos porta vozes da Casa Grande.
No Paraná, o jornal Gazeta do Povo vinculado às empresas Globo, no editorial de 20/09/09, faz um malabarismo verbal para se afirmar contra o racismo e simultaneamente contra o Estatuto da Igualdade Racial. Afirma categoricamente que "Á medida que concede direitos, por motivo exclusivamente racial, a uma camada da população, ocorre cerceamento ao direito de outras. No fundo, representa a própria “legalização” do racismo." ou seja, nunca houve racismo no país.

O componente sócio-econômico é usado para justificar a exclusão, por mais de 100 anos republicanos, da grande parcela de negros do país. Há reconhecimento dessa realidade mas nunca explicam como ou o porquê. Nessa situação, fica sugerida a incapacidade dos negros e descendentes de ascender socialmente, e os raros que conseguiam ou eram cooptados pela ideia de "democracia racial" ou silenciados quando discordantes.

Hoje, cada vez mais afrodescendentes assumem sua identidade, e isso incomoda.

Racismo de Estado

Em sua dissertação de mestrado "Racismo na Educação: Estratégia do Estado e uma Possibilidade de Superação" defendida pela PUC-SP em 2009, o professor Maurício Pereira demonstra que o Estado republicano criou um aparato legal para oficializar o racismo.
Não há ocaso, além das opiniões, há uma forte política racista ao longo da República.

Maurício Pereira concentrou sua pesquisa fundamentalmente na educação, mas seu texto aponta para os mecanismos de exclusão econômica, cultural e intelectual dos negros brasileiros, em particular os paulistas.

Hipocrisia do PIG

O PIG saudou a eleição do negro Barack Obama à presidência dos EUA, exibiu documentários sobre a luta pelos direitos civis dos negros estadunidenses, celebrou Abrahan Lincon e Martin Luther King, cujo discurso I have a dream foi repetido à exaustão. Simultaneamente, escreviam contra o ministro Orlando Silva, fato tratado em artigo aqui no portal Vermelho.

A tentativa de silenciar o antropólogo e professor da USP, Kabengele Munanga , os manifestos contra as cotas, a criminalização dos movimentos sociais, a difamação contra os quilombolas, a encenação da"democracia racial" nas novelas da Globo, entre outras atitudes, são revestidos como liberdade de opinião, manutenção da ordem mas nunca de racismo.

Racistas são os outros.


* É professor de língua e literatura no Estado do Paraná, web cronista, poeta, e militante da Unegro e do PCdoB. Autor do blog Ruminemos: http://ruminemos.blogspot.com

O Estatuto da Igualdade Racial não é um barco à deriva

Edson França *
O Estatuto da Igualdade Racial aprovado pela Comissão Especial na Câmara dos Deputados constitui mais um passo exemplar do empenho do movimento negro e forças políticas antirracismo em efetivar a igualdade social entre negros e brancos no Brasil.
Completa um conjunto de iniciativas e propostas historicamente defendidas pelo movimento negro. Com isso inauguramos uma nova fase das relações raciais no Brasil. O Estatuto caminha no sentido de mitigar os efeitos políticos, econômicos e sociais da discriminação e do racismo, ao contrário das outras leis antirracismo aprovadas, que criminalizam a prática individual dos cidadãos racistas.

Notadamente a humanidade tem ao longo da história tratado de forma inadequada as diferenças sociais/ raciais. No Brasil não é diferente, visto que somos um país profundamente desigual e negritude se confunde com a pobreza. O racismo é um fenômeno ideológico-sócio-político que impacta negativamente a vida dos povos não brancos. Está enraizado no Brasil e seus desdobramentos ainda estabelecem cenários desvantajosos à população negra e à nação. É elemento essencial que molda a brutal desigualdade, violência e o ralo por onde escoa talentos, oportunidades e parte importante da força vital brasileira. No entanto, acumulamos experiências positivas e de vanguarda, quando comparadas a outros países – inclusive os países de nossos irmãos africanos que administram graves conflitos de natureza étnica e religiosa. Considerada em seu todo é possível dizer que a massa popular brasileira não apóia o racismo: Ela o combate tacitamente.

O Estatuto da Igualdade Racial não é um barco a deriva, nem papel ao vento. Sua aprovação é resultante de passos firmes, iniciado nas lutas dos quilombolas, nas rebeliões populares e no combate abolicionista. Desde a Lei Áurea (ainda não revogada) aos dias atuais a massa popular brasileira -– miscigenada e de maioria não branca - têm demonstrado inconformismo com as injustiças baseadas em conceitos de raça e classe. O Brasil, sob o protagonismo popular com sua insistente luta, acumulou experiência centenária de organização política do movimento negro, espalhada em todo território nacional - este é um dado fundamental da constituição das condições que possibilitaram a aprovação do Estatuto.

A luta da população negra aliada às forças populares avançou para que o antirracismo esteja inserido nas principais cartas legais: Constituição Federal, Lei de Diretrizes de Bases, Plano Plurianual e Leis Orçamentárias. Dispomos também de leis e normativas: Lei Caó, Lei 10639/03 que institui obrigatoriedade do ensino da história da África nas escolas, feriados da Consciência Negra em diversos estados e municípios; Decreto Presidencial 4887/03, que regula a posse da terra quilombola.

Desenvolvemos sólida institucionalidade através dos espaços de governos: frentes de parlamentares da igualdade racial nos legislativos municipais, estaduais e federal, nos quais tramitam incontáveis propostas; instituímos secretarias, fundações, coordenadorias, assessorias, conselhos de igualdade racial, SOS Racismo, delegacias especializadas em crimes raciais, ouvidorias; conferências, planos e programas de políticas públicas para igualdade racial.

A academia brasileira tem farta produção e linhas de pesquisas sobre a questão racial, núcleos de estudos nas universidades, cotas para inclusão de negros em sessenta e oito instituições públicas de ensino superior somadas ao PROUNI que promoveu o aumento de negros nas universidades, dando fruição de um direito negado ao longo dos séculos. No âmbito das organizações da sociedade civil encontramos estruturas congêneres nos partidos políticos, sindicatos e centrais sindicais, em organizações de classe e no movimento social. Temos experiências exitosas de implantação de ações afirmativas em empresas estatais e da iniciativa privada.

Em poucos anos construímos o mito popular mais conhecido no Brasil: Zumbi dos Palmares. Quem constrói mitos nacionais, constrói a própria nação. A cultura popular brasileira expressa valores herdados das matrizes civilizatórias africanas: música (samba, forró, diversos ritmos de batuques), capoeira, religiosidade.

Essas e outras incontáveis referências não citadas conformam o terreno fértil que foi lançado a semente do Estatuto da Igualdade Racial. São sustentáculos, razão de sua aprovação e indicadores que continuaremos somando experiências e práticas contra o racismo. O racismo é uma construção proveniente das elites. Todas as iniciativas contrárias desde a Lei Áurea, contou com a resistência e oposição de seus idealizadores e beneficiários. Por isso todos os desenhos que estruturam o atual Estatuto contradizem o projeto da grande burguesia nacional, pois sabem que a população negra não estancará sua luta após a vitória do Estatuto da Igualdade Racial.

Sim ao Estatuto da Igualdade Racial

A Unegro, em seu 3º Congresso Nacional realizado em 2007, se posicionou de forma favorável ao Estatuto da Igualdade Racial. Na ocasião criticávamos perdas em relação a proposta original. Alegando vício de iniciativa, o Senador Rodolpho Tourinho, relator do projeto, propôs a retirada do Fundo Nacional de Igualdade Racial, cuja finalidade era de garantir a sustentação orçamentária para as políticas públicas que a Lei ensejava; sob o mesmo argumento interveio em diversos artigos para torná-lo uma peça essencialmente autorizativa. As perdas eram criticadas pela entidade porque transformavam o Estatuto em uma bela carta de boa intenção: sem recurso e sem obrigatoriedade de cumprimento.

Na ocasião registramos que a proposta saída do Senado, com o apoio do Senador Paulo Pain, caracterizava um erro tático do movimento negro. O domínio sobre a proposta era pequeno. Alertamos que o movimento negro não podia assinar nenhum cheque em branco, pois já havia se consolidado um amplo apoio a uma proposta dita inviável constitucionalmente.

Na Câmara dos Deputados acompanhamos o trâmite, notadamente após a constituição da Comissão Especial. Na medida das nossas limitações contribuímos com o processo político que desembocou na aprovação da atual redação. A leitura do texto final aprovado, por unanimidade, na Comissão (bastante avançado se comparado ao aprovado no Senado) contraria ou relativiza sobremaneira o argumento daqueles que alegam a aprovação de um Estatuto desnutrido, ou dos que insistem na tese de divisão do povo.

Segue abaixo resposta a algumas críticas formuladas no movimento negro, pois as que vêm de fora, via de regra são contrárias a existência do Estatuto.

Cotas no ensino superior

"Art. 17. O Poder público adotará programas de ação afirmativa destinados a assegurar o preenchimento de vagas, pela população negra, nos cursos oferecidos pelas instituições públicas federais de educação superior e nas instituições públicas federais de ensino técnico de nível médio."

O artigo 17 demonstra que está garantido na Lei o pleito essencial: assegurar a inclusão de negros e negras no ensino superior. Há um conjunto de experiências de ação afirmativa com recorte étnico-racial instituídas em 68 universidades, essas serão consideradas. Poderão se manter desde que garantam efetiva inclusão da população negra. Creio que essa formulação não pode ser desconsiderada. Há um direito instituído a partir dela. Ignorá-la constitui não cumprimento de Lei e o desrespeito à lei é crime. Se este for o caso deveremos recorrer ao Ministério Público ou à instituição competente para lidar com a situação.

Quesito cor na identificação de estudantes no censo escolar

Esse artigo foi corretamente suprimido, pois essa medida é dispensável em lei. Quesito cor é uma realidade em franco desenvolvimento. Tivemos e teremos sempre censos escolares auferindo o quesito cor. Aliás, sobre este tema não faltam dados. Conhecemos a radiografia racial nas escolas. Precisamos de medidas objetivas para retirar a Lei 10.639/03 do papel, mais investimento público na qualificação da educação e acesso efetivo em iguais condições de negros em todos os níveis educacionais. Penso que a intransigência na defesa desse artigo desvaloriza a negociação, radicaliza desnecessariamente a interlocução e não contribui para manutenção dos pontos essenciais.

Preferência em licitações para empresas que promove ações de igualdade
O artigo 41 diz: “O Poder Público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas visando à promoção da igualdade racial nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas”. Continua o parágrafo 3º do mesmo artigo: ”O Poder Público estimulará, por meios de incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado”.

A manutenção da redação anterior contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que a torna, inconstitucional. Oposição, governo e sociedade civil, em geral, têm assimilado positivamente essa lei e, desse modo predominou a compreensão de preservá-la. No entanto, houve preocupação dos negociadores em manter a premissa de criar condições para que as empresas privadas contratem negros e negras com equidade. Apenas houve mudança na redação. Alertamos a militância a lerem com atenção o texto do Estatuto aprovado, pois evitará a reprodução de críticas capciosamente formuladas e sem fundamento.

Exigência de reservar uma cota para atores e figurantes negros nas emissoras de televisão
A essência dessa proposta é obrigar a inclusão de negros e negras nas produções televisivas e cinematográficas. Ainda que não tenha arbitrado uma percentagem mínima de inclusão o resultado contempla. O artigo 47 diz: “Na produção de filmes e programas destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminação de natureza política, ideológica, racial e artística”.

A redação proposta por Tourinho previa a percentagem mínima de 20% de negros. Em versões discutidas pela Comissão Especial da Câmara, substituía a percentagem pela palavra igual. O processo de negociação obrigou a supressão da palavra igual e da percentagem. Porém o direito está assegurado. Após a aprovação e sancionamento do Estatuto da Igualdade Racial se constituirá crime a inobservância de atores e técnicos negros na produção de filmes, programas televisivos e cinematográficos. Hoje não é. Compete aos negros e negras, beneficiários direto da Lei, acionar os mecanismos de Estado para fazer as empresas de comunicação cumpri-la

Questão quilombola

A questão quilombola está contemplada em todos os artigos da Lei, na medida em que estamos falando de população negra. Especificamente nos artigos 33, 34 e 35. O relator retirou do texto atual a transcrição completa do decreto 4887/03 que constava no substitutivo do Senador Rodolpho Tourinho. Essa medida favoreceu os quilombolas por dois motivos: primeiro a redação proposta no Estatuto aprovado no Senado transformou o decreto 4887/03 em um compêndio autorizativo, subtrai completamente a obrigatoriedade imposta pelo decreto; segundo o artigo 68 dos ADTC é auto-aplicável, basta um decreto presidencial para regularizá-lo.

Há mais artigos na constituição que dispensam regulação em lei. Vários decretos, portarias, instrução e outros instrumentos normativos regulam artigos da constituição, subordiná-lo a uma Lei significa atentado a direitos e um risco sob diversos aspectos da segurança jurídica nacional.

O decreto 4887/03 atende o mais fundamental anseio das comunidades quilombolas. Por isso está sob ataque da direita e da bancada ruralista no Congresso. Por isso há uma ADIN proposta pelo DEM no Supremo Tribunal Federal. E tramita na Câmara dos Deputados um Decreto Legislativo, de iniciativa do Deputado Valdir Colatto, propondo sua completa anulação.
A posição do governo, reiterada em todos os fóruns que abordam esse tema, é de defesa do Decreto 4887/03 no parlamento e no STF. A AGU (Advocacia Geral da União, um órgão de Estado e não de governo) assegura sua juridicidade, não há nenhum prejuízo aos quilombolas. Ao contrário, as comunidades quilombolas recebem grandes volumes de investimentos políticos e financeiros estatais e fruem de direitos secularmente negados. De modo que não se justificam as críticas ao Estatuto da Igualdade Racial sob a alegação de dano a direitos quilombolas.

O Estatuto da Igualdade Racial no Senado

Assim que o Estatuto passar pelas instâncias formais de discussão na Câmara dos Deputados, irá ao Senado. Abrirá um novo ciclo na batalha para sua aprovação. Apesar de um acordo que envolve partidos da base aliada, DEM e PSDB o ambiente político e as forças políticas presentes no Senado desfavorecem a aprovação do Estatuto, especialmente se abrirem a discussão para tentar um texto qualitativamente mais avançado que o aprovado na Câmara. A melhor tática é a defesa de como se encontra, sem mexer. Hoje o Senado é a principal trincheira do conservadorismo, pode impor dura derrota ao movimento negro.
Estamos falando de um Senado que rejeitou, através do parecer do senador Heráclito Fortes, na Comissão de Educação, o PL que institui Feriado o Dia da Consciência Negra, aprovado na Câmara dos Deputados. O mesmo Senado que não vota e procrastina a tramitação do PL 180 - que institui as cotas nas universidades públicas federais. O mesmo Senado que subtraiu a força vital do Estatuto quando o tornou completamente autorizativo e sem o Fundo Nacional de Igualdade Racial – fato corrigido parcialmente na Câmara. O mesmo Senado que persegue e criminaliza implacavelmente o MST.

As forças contrárias ao Estatuto têm sustentação teórica, ideológica e política na sociedade brasileira, inclusive dentre as forças progressistas e setores minoritários do movimento negro. Será necessário maior nível de unidade do movimento negro e dos movimentos sociais para efetiva defesa da proposta aprovada na Câmara.

Subestimar o volume das posições contrárias ao Estatuto e propor abertura do debate no Senado com vistas a recuperar pontos perdidos da redação no processo de negociação é uma manobra arriscadíssima. Desresponsabilizará as partes, especialmente as que resistiram a aprovação do Estatuto, do compromisso assumido de trabalhar para sua aprovação. Se abrir o debate no Senado haverá mais perda, na redação aprovada existem mais direitos que os poderosos querem negar.

Sobre os críticos

A primeira e mais vigorosa crítica ao Estatuto da Igualdade Racial vem dos que oferecem reação e resistência à todas possibilidades de avanços políticos e conquistas sociais do povo brasileiro. Esse campo move amplo setor presente no Congresso Nacional e na grande mídia. Sabem que no Brasil a luta contra o racismo é palco da luta de classes. Somente é possível incidir sobre os impactos da discriminação e do racismo quando investimos recursos materiais para promoção da população atingida. Isso significa implantação de políticas públicas que distribuem renda, que promovam migração de riquezas concentradas nas mãos de poucos para reparti-las a muitos.

A mídia tem influenciado negativamente a avaliação do Estatuto. Inconformados com a derrota na batalha que empreenderam pela sua rejeição resolveram desqualificá-lo. Rede Globo, Rede Bandeirantes, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Correio Brasiliense uníssonos desinformaram a população brasileira. Destacaram perdas e falam em aprovação de um Estatuto “desnutrido”. Parte do movimento negro absorveu esse discurso e formulou sua posição com os tópicos indicados pela oligarquia midiática.

Há ignorância no interior do movimento negro. Muitos não leram o texto aprovado, não acompanharam o processo que resultou na aprovação ou desconhecem o funcionamento do Parlamento. Não avaliaram a correlação das forças políticas e sociais que debateram o Estatuto no Senado, Câmara e sociedade. Não compreendem que as leis apontam caminhos a serem concretizados. Quando em atenção ao povo, chegam quando há pressão organizada.
Existe também oportunismo daqueles que desejam temas que justifiquem seus argumentos e teses para subsistirem. Na verdade, desejam colorir os datas-show, capricharem nas curvas de seus gráficos, alimentarem de dados suas retóricas e com isso manter abertas as linhas de contatos com a burguesia nacional e internacional. Em outras palavras se alimentam do racismo e não das conquistas sociais do movimento negro.

Vemos enfoques, lugar social e projetos políticos diferenciados entre os críticos do Estatuto aprovado, formando um leque complexo, sem unidade e incoerente. Desde a corrente conservadora representada pelo geógrafo racista e ultrarreacionário Demétrio Magnoli, ao esquerdismo dogmático de matriz trotskista fazem fileira contra. Tem uma reduzida parcela no movimento que nutre um injustificado esquerdismo, mais preocupados em demarcar terreno para ocupação de espaços e exercício do protagonismo político que se somar a construção coletiva. Embora a grande massa popular apóie o Estatuto, os reacionários e os defectores exigirão mais esforços para sua definitiva aprovação, depois tentarão obstaculizar a implantação da lei.

Por isso é importante compreender que o quadro político exigiu negociar saídas efetivas para aprovação, consciente que deva atender as mais imediatas necessidades da população negra. As leis podem ser aprimoradas, mas quem tem fome de justiça, de oportunidades e de cidadania tem pressa. Nossa principal demanda será retirar do papel as conquistas do Estatuto da Igualdade Racial. Se passarmos anos reclamando de um estatuto ideal transformaremos esse que é real em letra morta, como tantas outras leis que nos beneficiam. Devemos nos unir na defesa do Estatuto da Igualdade Racial agora e após seu sancionamento. Essa deve ser a compreensão das lideranças do movimento negro. Há milhões de pessoas esperando resultados concretos de nossa luta.





Historiador e Coordenador Geral da Unegro

Canal Hip Hop A Lapis

Canal de Vídeos do Ponto de Cultura Hip-Hop a Lápis. Seus projeto como o livro Hip-Hop a Lápis o documentário É Tudo Nosso! e o CD Nação Hip-Hop Brasil Vol. 1

É TUDO NOSSO PARTE 20-PERNAMBUCO

http://www.youtube.com/h2lapis#p/a/u/1/o0cy1RkvF-Y

PROGRAMAÇÃO MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA-CIDADE RECIFE


PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE

SECRETARIA DE CULTURA/FUNDAÇÃO DE CULTURA

NÚCLEO DA CULTURA AFRO BRASILEIRA


PROGRAMAÇÃO MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA

“Recife Celebrando Zumbi e Promovendo uma Cultura de Combate ao Racismo, ao Machismo, a Intolerância Religiosa a Lesbofobia, Homofobia e Transfobia”.

Dia 01 – Afoxé Povo de Ogunté – Celebra a Consciência Negra
Local: Sitio de Pai Adão – Estrada Velha de Água Fria –Recife /PE nº 1644

Dia 03 – Celebrando o Mês da Consciência Negra

Horário: 07:00 Café da Manhã com Lideranças do Movimento Negro
Local: Memorial Zumbi dos Palmares
Tema: Celebrando Zumbi e Promovendo uma Cultura de Combate ao Racismo, ao Machismo, a Intolerância Religiosa e a Lesbofobia, Homofobia e Transfobia.
Participação: Quilombo Cultural Malunguinho - Afoxé Elegbara – CEPIR – GRAC – Secretaria de Culrura/Fundação de Cultura-Núcleo Afro – Secretaria de Direitos Humanos -Diretoria da Igualdade Racial/PCR.

Dia 03 – III Caminhada dos Terreiros de Matriz Africana e Afro-descendentes.
Concentração Marco Zero

Dia 04 – Reunião do Fórum Permanente da Diversidade Étnico Racial de Pernambuco
Local: Núcleo de Cultura Afro Brasileira - Auditório de Formação João Cândido
Horário 18:00

Dia 05 – Lançamento do Plano Nacional da Implementação da Lei 10.639/03

Dia 09, 10 e 11
– Oficinas: Disseminando e Implementando o Programa de Combate ao Racismo Institucional/PCRI com as Gerências dos Equipamentos do Pátio de São Pedro.
Horário de 14:00 às 17:00
Local: Centro de Treinamento dos Coelhos – Bairros dos Coelhos – Recife - PE
Coordenação: Edson Axé – Gerente do Núcleo de Cultura Afro Brasileira
Palestrantes/Facilitadores:
09 - Josebias Santos – Historiador e Consultor de Formação do NCAB
10-Vera Regina – Ativista Negra e dos Direitos Humana, Coordenadora do UIALA MUKAJI: Sociedade das Mulheres de Pernambuco, Rede das Mulheres de Terreiro, Membro do Conselho Estadual das Mulheres , Comitê Estadual de Doenças Falciformes, Compõe Fórum de Negras e Negros do OP/Recife.
11 – Representante do MPPE


Dias 09, 10, 11, 12 e 13
– Curso: Agentes de Comunidades de Terreiro.

Proposta de Capacitação de Vivenciadores da Religião de Matriz Africana e Afro Brasileira visando á Institucionalização dos Terreiros e Relação Qualificada com a Sociedade Abrangente.
Local: Núcleo de Cultura Afro Brasileira - Auditório de Formação João Cândido
Casa 34 – Pátio de São Pedro - Recife/PE
Horário: 14 às 17h
Parceiros Responsáveis: CEPIR/PE 3301-7115 e NCAB 3232-2308
Palestrante/Facilitador: Prof. Ms. Jayro Pereira

Dia 12 – Festival Cultural de Literatura – “NOSSA IDENTIDADE AFRO BRASILEIRA”
Informações pelo fone: 3232-2308/3525-3266
ou e-mail: nucleoafrorecifepe@yahoo.com.br
Apresentação do Afoxé Omo Nilé Ogunjá e do Maracatu Nação Encanto do Pina
Composição da Banca Examinadora: Edson Axé, Josebias Santos, e Carlos Tomaz
Responsável/Parceria: Colégio Anglo Líder/São Lourenço da Mata e Núcleo de Cultura Afro Brasileira da PCR
Local: Clube Flamengo em São Lourenço da Mata

Dia 17 – Lançamento do Concurso de Redação:
Local: Pátio de São Pedro – Terça Negra
“Terça Negra: Espaço de Resistência, Visibilidade e Fortalecimento da Cultura Negra”.
Responsáveis:

Carlos Tomaz – Professor de Língua Portuguesa e Literatura, Consultor de Formação do NCAB e membro da Rede Nacional de Negras e Negros LGBT.
Arnaldo Filho – Pedagogo, Coordenado do MNU/Nacional e Consultor do NCAB.
Parceria Secretaria de Educação de Recife/GETERÊ e Movimento Negro Unificado – MNU

Dia 17 à 21
– XII ALAIANDÊ XIRÊ – Festival Nacional de Alabês, Xicarangomas e Runtós (Sacerdotes Músicos dos Terreiros de Candombé).
Local: Sitio de Pai Adã
Estrada Velha de Água Fria 1664
Água Fria - Recife – PE.
Contato: 3443 - 9412 / 9158-1692

Dia 20 – Especial da Consciência Negra: “Recife Celebrando Zumbi e Promovendo uma Cultura de Combate ao Racismo, ao Machismo, a Intolerância Religiosa a Lesbofobia, Homofobia e Transfobia.”

Show com:
*Bloco Carnavalesco Ilê Ayiê/BA
*Maracatu Aurora Africana
*Afoxé Omim Sabá
*Escola de Samba Turma de Saberé
*Hip Hop

* Todos estes a confirmar devido cachê.

Dias 24, 25 e 26
– Projeto Raízes: DIALOGANDO COM A SOCIEDADE
INSCRIÇÃO LIMITADA ATÉ DIA 20 DE NOVEMBRO
Informações pelo fone: 3232-2308 ou e-mail: nucleoafrorecifepe@yahoo.com.br
Local: Núcleo de Cultura Afro Brasileira - Auditório de Formação João Cândido
Dia 24: Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de Historia e Cultura Afro Brasileira e Africana.
Dia 25: Afro – feminilidade: A Participação da Mulher Negra no Brasil.
Dia 26: A Negação do Brasil: Os Negros/as, a Mídia e Os Veículos de Comunicação.

Dia 27 – Ilê Asé Yemonjá Celebrando Zumbi, resistindo Religiosamente e promovendo um Estado Laico.
Mostra de Vídeo e Palestra sobre Lei 10.639/03
Local: Ilê Asé Yemonjá Ogunté
Rua Monsenhor João Olimpio dos Santos nº 208
Vila do SESI – Recife – PE
Fone: 8765-3407 / 33397931
Horário: 18:00

PROGRAMAÇÃO TERÇA NEGRA ESPECIAL e TROFEU TERÇA NEGRA

Local: Pátio de São Pedro – Recife – PE
Informações pelo fone: 3232-2308/8767-6533/9153-3550
ou e-mail: nucleoafrorecifepe@yahoo.com.br

TEMA: Terça Negra Celebrando Zumbi e Promovendo uma Cultura de Combate ao Racismo, ao Machismo, a Intolerância Religiosa a Lesbofobia, Homofobia e Transfobia..

Dia 03 – Entrega do Troféu Terça Negra: Reafirmando Valores Étnico-Racias por uma Sociedade mais Justa e Igualitária.

Show Cultural – Maracatu Várzea do Capibaribe
- Mazurca da Quixaba
- Mestre Galo Preto
- Afoxé Omo Oba Dê

Dia 10 – Entrega do Troféu Terça Negra: Reafirmando Valores Étnico-Racias por uma Sociedade mais Justa e Igualitária.

TERÇA ESPECIAL PELOS 25 ANOS DO MOVIMENTO HIP HOP

**Show Cultural – Confluência
- Núcleo
- Dj Big
- Apresentação do Grupo de Break
- Exposição de Grafite
- Final jornada de Mc’s

Dia 17 – Entrega do Troféu Terça Negra: Reafirmando Valores Étnico-Racias por uma Sociedade mais Justa e Igualitária.

Show Cultural – Maracatu Cambinda Estrela
- Afoxé Ylê de Egbá
- Tambor Falante

Dia 24 - Entrega do Troféu Terça Negra: Reafirmando Valores Étnico-Racias por uma Sociedade mais Justa e Igualitária.

Show Cultural – Maracatu Leão da Campina
- Bloco Afro Oba Nijé
- Afoxé Alafin Oyó

Recife, 17 de outubro de 2009.

Edson Axé
Gerente do NCAB

edsonaxe@yahoo.com.br
3232-2308 / 8767-6533.

Marcha Mudial Pela Paz e Não Violencia

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Convocotoria a 4º Marcha Pela Libertação do Povo Negro em Olinda.

A UNEGRO-PE convoca a todos os militantes da entidade e do povo negro de PE, para a 4º Marcha pela Libertação do Povo Negro de Olinda. Marcha essa que vem com a bandeira de Luta a municipalização da Lei 10.639/03 e as bandeiras de luta do movimento negro. A marcha é dia 20 de Novembro de 2009 Concentração na Praça 12 de março as 15h.

Firme na Luta

Saudações Afro-Socialista

BACURAL
Coord. Est. de Juventude da UNEGRO-PE.
bacural_hc@hotmail.com
81-88389154

domingo, 5 de julho de 2009

O RETORNO DO SAMBA

O RETORNO DO SAMBA

A Unegro

Convida para o retorno da Mesa de Samba, após o recesso com todos

aqueles que constrói o Projeto Negro SambaSim

Evento Gratuito.

Local: Mercado da Ribeira –

Sítio Histórico – Olinda

Dia 12 de julho de 2008, às 15h

(excepcionalmente este mês será no 2º Domingo )

Contato: 86053245/96620868

COMUNICADO DA UNEGRO

São Paulo 04 de julho de 2009


A União de Negros Pela Igualdade - UNEGRO desde sua fundação, em 14 de julho de 1988, nutre a forte convicção que a unidade do movimento negro brasileiro é fator fundamental para o fortalecimento e avanço da luta pela superação do racismo e promoção da igualdade social entre negros e brancos. Trata-se de uma herança da heróica luta da população negra originada nos navios negreiros, senzalas, quilombos e nas organizações políticas que surgem a partir das primeiras décadas do século passado.



Imbuídos do compromisso político em investir na unidade do movimento negro nacional, compomos todo processo de construção, consolidação, crescimento e fortalecimento da Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN. Transformando-a num pólo plural de aglutinação das entidades/organizações da luta anti-racista, onde se estabelecia agenda política unitária, salvaguardando autonomia e considerando o pluralismo de idéias existentes no movimento negro, sem prejuízos aos projetos específicos das entidades vinculadas.



Firme na sua vocação para unidade, a UNEGRO envidará todos os esforços necessários para contribuir na viabilização de espaços com autoridade política para agregar as forças/entidades/organizações para defesa da unidade do movimento negro na luta política contra o racismo e na promoção social da população negra. Em consonância com essa decisão e com a avaliação da emergência de estabelecimento de espaços de articulação amplos, formalizamos nosso afastamento da estrutura política e organizacional da CONEN.



Compreendemos que a CONEN está distante dos objetivos de sua fundação, por isso produziu resultado inverso. Hoje é composta e dirigida por uma cúpula de quadros pontualmente espalhados em alguns estados brasileiros. O caminho trilhado pelo grupo hegemônico que hoje atua na CONEN está levando-a a se distanciar ainda mais dos seus objetivos, e tem fragilizado sua estrutura organizativa, quebrando a frágil pluralidade e ensimesmando a CONEN em uma única força política.



Para um organismo garantir manutenção da unidade no movimento negro exige-se contínua busca de parcerias representativas, de convencimento no debate, amplitude política, democracia interna e institucionalidade, algo extinto na CONEN. Tomamos como exemplo a total desarticulação da coordenação eleita no Encontro Nacional da CONEN, realizado em Salvador nos dias 11, 12, 13 de maio de 2006, até a presente data não houve e não foi chamada nenhuma reunião. Esta é solenemente ignorada por um grupo que toma para si e apenas para si a tarefa de dirigir a CONEN sem o exercício do respeito às decisões coletivas.



Nosso afastamento da estrutura organizativa da CONEN não apaga o entendimento que esta importante articulação cumpriu um papel na história da luta contra o racismo no Brasil. Entretanto, abre-se um novo ciclo, com novas exigências, que requer um maior esforço de amadurecimento do movimento negro, de coesão em torno das nossas principais bandeiras de lutas nacionais, de identificação e combate aos reais inimigos da luta pela promoção da igualdade racial no país, como os latifundiários, os racistas que se sentem herdeiros naturais das estruturas de poder político e da academia.



A UNEGRO orgulha-se em ter compartilhado lutas, projetos e produzido resultados importantes para população negra brasileira, consideramos as organizações que compõe a CONEN comprometidas com a luta racial, merecedoras de confiança e respeito. Por fim, convidamos a militância, entidades e forças avançadas do movimento negro para a construção de um novo diálogo e pacto nacional, em que possamos secundarizar parte das nossas divergências em prol da luta em torno de grandes consensos, a exemplo da defesa da titulação das terras de quilombos, ampliação e consolidação das ações afirmativas nas universidades, da luta contra a intolerância religiosa, da defesa do trabalho e moradia digna nas cidades e no campo, de saúde e educação básica de qualidade, da implantação em todo território nacional da Lei 10.639, da construção de uma sociedade justa e igualitária.









Axé!



Edson França

Coordenador Geral da UNEGRO

sexta-feira, 27 de março de 2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Racismo, raça, etnia e marxismo

por Edson França*

Reconhecidamente, há um grande déficit teórico do marxismo em relação às questões raciais. O socialismo científico, a mais libertária e conseqüente teoria sociológica, nasce contemporâneo à radicalização do abolicionismo na Inglaterra, França e Estados Unidos; ao racismo “científico” que buscava justificar o novo colonialismo europeu que avançava sobre os continentes africano e asiático, e estabelecer um novo lugar a um enorme contingente populacional recém saído da escravidão nas Américas.


Apesar do momento sombrio que se avizinhava à ciência polítcia, Marx e Engels não avançaram os limites colocados em seu tempo histórico, para eles a questão étnica e racial não se impôs claramente. Outros importantes teóricos marxistas não desenvolveram reflexões sobre esse tema, isso explica as lacunas teóricas e alguns erros políticos do movimento comunista. Ainda assim, o marxismo é o melhor método científico tanto para entender como para combater o racismo.



Ciente do limite teórico ora explicitado, as correntes liberais e pós-modernas, algumas se auto-intitulam pós-marxistas, como mais um meio de propagar o fim do marxismo e a consolidação de um novo tempo histórico, desenvolve reflexões nefastas ao desenvolvimento do socialismo. Acusam o marxismo de ter fracassado na resolução das contradições relacionadas à raça, gênero e etnia existentes no interior das classes; argumentam que as experiências do socialismo no leste europeu foi um fiasco, sufocou as nacionalidades, essas só expressaram suas aspirações e singularidades com plena liberdade após a “democratização” da região. Advogam que a ênfase marxista nas classes sociais é reducionista, pois as classes estão dissolvendo. A política contemporânea responde a impulsos enraizados em identidades diversas (raça, gênero, etnia, nacionalidade, orientação sexual, etc.), cujos interesses políticos não se esgotam nos limites dado pelas divisões de classes.


Hipocritamente omitem que o racismo está enraizado, desde sua gênese, em base econômica, sempre serviu a interesses sociais, econômicos e políticos de Estados e das classes dominantes, por isso imbrica-se na luta de classes, na luta contra o colonialismo e contra o imperialismo. Segundo Libero Della Piana, presidente do Partido Comunista dos Estados Unidos, “o racismo em nosso país é a maior ferramenta do capitalismo, ferramenta número um para dividir os trabalhadores. O racismo faz os capitalistas mais ricos” .


Essa mesma corrente não esconde sua verdadeira intenção quando apregoa a minimização do Estado e plena liberdade aos mercados; associam as experiências socialistas com autoritarismo e corrupção; propõe a solidariedade entre as classes, fim do antiiperialismo e fortalecimento do conceito de interdependência entre ricos e pobres. Resumidamente estão na contramão do anti-racismo, pois propõe uma agenda conservadora que deve ser combatida, porque beneficia exclusivamente a burguesia internacional e os Estados nacionais ricos.

As manifestações culturais subjacentes no racismo - estereotipo negativo e preconceito - sobrevivem as mudanças estruturais econômicas e políticas. Para construção do socialismo haverá necessidade de um longo período de transição após a classe operária ascender ao poder político, ou seja, a mudança estrutural deverá ser processual. Quanto a superestrutura o processo é idêntico, mudando a estrutura material a sociedade processualmente se divorciará das idéias dominantes anterior. O racismo não putrefará na inércia, haverá necessidade de atuar sobre ele, reeducar o povo contra os resquícios culturais e psicológicos oriundos do racismo. Por essa razão a luta contra o racismo é compatível e deve organizar-se em concomitância e unidade com a luta do proletariado para tomada do poder político e construção do socialismo. O que exige dos comunistas, em especial dos brasileiros pelo histórico de miscigenação e multiculturalidade do país, protagonismo na formulação de ferramentas teóricas e políticas, sempre sintonizadas a nossa experiência histórica, assim erradicaremos o atraso do racismo no Brasil.



Conceito de raça e etnia


No marxismo, raças / etnia são elementos irrelevantes para explicar as diferenças políticas, grupos homogêneos competem por recurso comum disponíveis, para isso lutam politicamente entre si. No entanto, em certos contextos políticos, a percepção de equivalências sócio-econômicas contribui na formação vínculos políticos para atuação na luta de classe, fenômeno invariavelmente confundido com lutas raciais – a grande rebelião da comunidade negra em Los Angeles em 1992 e o levante nos subúrbios de Paris em 2007 são exemplos da luta de classe subjacente em conflitos raciais. “Os diferentes grupos étnicos são colocados em relações de cooperação, simbiose ou conflito, pelo fato de que como grupos têm diferentes funções econômicas e políticas” .


O conceito de raça é inoperante para explicar a variabilidade humana, não tem amparo na ciência biológica. A sociedade humana é uma espécie que não subdivide em raças ou sub-raças diferentes, “mas em seis bilhões de indivíduos genomicamente diferentes entre si, mas com graus maiores ou menores de parentesco em suas variadas linhagens genealógicas. (...) Em outras palavras, pode ser fácil distinguir fenotipicamente um europeu de um africano ou asiático, mas tal facilidade desaparece por completo quando se procuram evidências dessas diferenças ´raciais’ no genoma das pessoas” . Raça não é uma realidade biológica, é uma construção sócio-política, carregada de ideologia, como tal, não proclama seu verdadeiro sentido: relação de poder e dominação .


Na forma “científica” o conceito foi elaborado e desenvolvido pelas elites burguesas européias em finais do século 18 e 19, com objetivo de legitimar filosoficamente dominação e sujeição política e econômica entre classes sociais, através da colonização, escravidão, discriminação, diversas formas de exploração e atrocidades. A elaboração anterior proposta pela Igreja não se sustentava racionalmente, o racismo científico foi uma chave fundamental para as mudanças estruturais impostas pela burguesia - classe social que acabara de assumir definitivamente o poder político – e para o desenvolvimento do capitalismo enquanto modo de produção globalmente dominante.


A partir do século 16, época das grandes navegações, colonização da América, fase inicial do encontro e trocas comerciais entre os povos europeus, africanos e asiáticos, as populações negras, em todo planeta, vivem com acúmulos de desvantagens provocadas pela violência, saques e exploração insana da sua mão de obra. No imaginário do senso comum negro é sinônimo de pobre e marginal, os negros compartilham histórico de discriminação negativa e subalternidade. Esse lugar social secularmente imposto, teórica e filosoficamente sustentado determinou identidades comuns, racializou a humanidade.


Desde finais da segunda guerra mundial as teorias racistas baseadas em pseudos ciências foram rejeitadas pela comunidade cientifica internacional, ainda assim, se mantêm a desigualdade herdada do racismo científico e do histórico de exploração direcionada as populações não brancas. Provando que o racismo, na atualidade, não necessita de uma teoria para legitimá-lo nem da proclamação científica de existência das raças, o pensamento coletivo a convencionou, há forças políticas e econômicas lucrando com sua vitalidade, será necessário tempo para que sua sustentação mental seja aniquilada e luta política para sua superação. As variedades fenotípicas entre os seres humanos são empiricamente incontestáveis, não se confunde visualmente um esquimó da Groenlândia com um aborígine australiano, por isso a noção social de raça dispensa critérios genótipos, é na “raça biologicamente fictícia” que se assenta a classificação hierárquica, se assentam os estereótipos e o racismo sobrevive vigorosamente.


Etnia é um conceito de caráter sócio-cultural, histórico, psicológico, lingüístico e de identidade, está em constante desenvolvimento, tem se fortalecido na mesma medida da inviabilidade científica das raças. Se para a ciência a hierarquização biológica é uma fraude, então se substitui pela cultura, assim mantem a respeitabilidade teórica da desigualdade produzida pelo racismo e legitima a dominação política anterior. As identidades étnicas tomam lugar das raças, prendendo as populações representantes das culturas “menos desenvolvidas”, “atrasadas” e “primitivas” nas franjas da sociedade moderna. Marx nos alertou ao peso negativo para luta emancipacionista do proletariado a inobservância da opressão direcionada a setores ou camadas dos trabalhadores e o quanto a opressão etnorracial divide a luta e beneficia os algozes:


“Cada centro industrial e comercial na Inglaterra possui uma classe trabalhadora dividida em dois campos hostis, proletários ingleses e proletários irlandeses. O trabalhador inglês comum odeia o trabalhador irlandês como um competidor que rebaixa seu padrão de vida. Em relação ao trabalhador irlandês ele se sente um membro da nação dominante, e assim torna-se num instrumento dos aristocratas e capitalista de seu país contra a Irlanda, fortalecendo a sua dominação sobre ele próprio. Ele aprecia os preconceitos sociais, religiosos e nacionais contra os trabalhadores irlandeses. A sua atitude é muito parecida a dos ‘brancos pobres’ em relação aos negros nos antigos estados escravagistas dos EUA. O irlandês lhe paga com juros na mesma moeda. Ele vê no trabalhador inglês ao mesmo tempo o cúmplice e o instrumento estúpido do domínio inglês na Irlanda.”


Nessas palavras de Marx são possíveis duas deduções, uma que o racismo e a discriminação estabelecem desvantagem material a segmentos étnicos, raciais ou nacionais no interior do proletariado, divide a classe e fortalece a burguesia. Outra que a parcela dos trabalhadores que não recebe o impacto direto do racismo e da discriminação se sente psicologicamente superior, esse sentimento conforta a angústia da miséria em que se encontra, arrefecida pela facilidade em despejar-la sobre seu bode expiatório: o discriminado. A mensagem racista seduz parcela dos trabalhadores, pois está implícita uma promessa de solução imaginária ao problema real, como a pobreza, desemprego, exploração, que os defronta cotidianamente. Segundo Alcir Lenharo o nazismo triunfou na Alemanha porque “... a ideologia racista oficial era de fato acatada e subassumida, e servia de ponto norteador da conduta individual e coletiva da população.” Silenciar e subestimar o racismo enquanto uma proposta política social reacionária para benefício de uma minoria, equivale a apoiar tacitamente a própria dominação. Por isso combate-lo é uma tarefa revolucionária, cabe ao proletariado e seu Partido, a quem está dada a tarefa da transformação social, ações com objetivo de desarticular, enfraquecer e superar o racismo.


Os comunistas e a compreensão do povo brasileiro


Os comunistas reconhecem a existência do racismo e da desigualdade racial no Brasil, compreendem que dispomos de condições e instrumentos positivos para melhor combate-lo. Somos um povo uno, unidade formada pelo encontro assimétrico e miscigenação de três povos: os colonizadores portugueses, os índios nativos da terra e os africanos utilizados como mão de obra escrava. Unidade forjada na luta popular contra a opressão imperialista e das elites locais. Não há em todo território nacionalidades em conflitos, movimentos ou forças separatistas conseqüentes, etnias reivindicando território e autodeterminação. Somos um povo profundamente miscigenado - compreendendo miscigenação não apenas como intercurso sexual para procriação, mas encontro de valores humanísticos que envolvem religião, mitos de criação, culturas, folclores, etc. -, falamos apenas um idioma, enquanto povo-nação, o povo brasileiro é um todo indivisível.


A compreensão da existência de um povo uno no Brasil, não ignora e nem subtrai da unidade contradições de diversas dimensões que devem ser tratadas: gênero, etnia/ raça, desigualdades regionais, dentre outras. Encontramos-nos entre as sociedades mais desiguais do planeta; convivemos com índices alarmantes de violência, onde a juventude negra é o principal alvo; temos uma classe média racista e conservadora, tenaz atuante contra os avanços sociais propostos; a elite mais mesquinha, gananciosa e antipatriota do mundo. Estamos diante de uma unidade doente, sob suspeita, em situação de risco, inconclusa, mas, contraditoriamente em processo de aperfeiçoamento. Daí a importância das forças progressistas ocuparem os governos para aprofundarem a mudança, dando prioridade na universalização da intervenção do Estado junto a população, sem prejuízo do olhar atento sobre as especificidades. A manutenção das contradições no interior do povo favorece a desagregação da sociedade e dificulta o processo de construção – ainda em curso – da Nação brasileira.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

NegroSambaSim de Volta em Olinda







Contra a Guerra Étnica! Pela Paz Mundial


A Unegro


Convida para o retorno da Mesa de Samba com:


Nosso Samba é Assim

Welligton do Pandeiro


E a Capoeira com Abauna e convidados

Evento Gratuito.

Local: Mercado da Ribeira –

Sítio Histórico – Olinda

Dia 01 de janeiro 2009, às 15h

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Negro na Casa Branca

Alexandre Braga
É coordenador de Comunicação da Unegro-União de Negros Pela Igualdade-MG e membro do Fórum Mineiro de Entidades Negras - E-mail:bragafilosofia@yahoo.com.br


Barack Obama e sua família entraram, com maciço apoio popular, pela porta da frente da Casa Branca. A presença deles consolida e é resultado da luta histórica de gerações de militantes negros, as quais eram engajadas em diferentes pólos da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Portanto, Obama chegou lá porque seu país proporcionou-lhe uma acertada política de ações afirmativas. Agora um setor avançado da intelectualidade negra tem pela frente o grande desafio de gestar a administração obamista.

Esta se inicia tendo o desbloqueio econômico à Cuba como possível tarefa de relevo, cuja restrição atrapalhou a edificação societária da ilha socialista. Também ronda a seara do presidente negro, a necessidade de imediata retirada das tropas norte-americanas do Iraque, pondo um ponto final na ocupação.

Outros temas da agenda das relações internacionais ainda são uma incógnita, afinal não se sabe como o presidente eleito vai proceder sem desacordar seus aliados de primeira linha. Desses assuntos, o que mais interessa ao Brasil é a política de subsídio agrícola dada pelos Estados Unidos a seus agricultores.

Para Brasil e Mercosul, essa questão tem importância delicada, já que uma política menos restritiva pode destravar a produção e comercialização de alimentos no mundo. Se esses temas terão uma resolução ainda incerta, outros não demandam dúvidas quanto qual postura Obama vai seguir. Na área cultural, por exemplo, ele não pretende diminuir a hegemonia norte-americana no setor. Sua aliança com o super-poderoso grupo Fox News é resultado sintomático da continuidade da indústria cultural estadunidense sobre os demais países do Globo.

Muito provavelmente ainda, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos não vai alterar a atual rota dos acontecimentos do Consenso de Washington, muito menos os rumos da Doutrina Bush. Além disso, não vai mudar a Nova Ordem Mundial, pela qual os Estados Unidos impõem sua dominação bélico-financeira perante o resto dos países mundo afora.

O governo de Obama representa, sim, a possibilidade de construção de diálogos pontuais que envolvam a necessidade de haver urgentíssimas inversões de prioridades nas políticas públicas governamentais para atender significativa parcela dos excluídos do capitalismo. Essa é a principal missão dele enquanto clamor popular.

O fato de o governante ser negro é dos menores elementos desse jogo político, na medida em que, para manter o atual status imperialista e belicista, todas as matizes étnicas são bem vindas ao processo eleitoral dos Estados Unidos. Afinal, só nos interessa a questão racial quando essa discussão está a serviço de um projeto de emancipação social como perspectiva de construção de uma nova sociedade fraterna e igualitária. Barack Obama, por enquanto, está restrito apenas a construção desses diálogos paliativos. Porém, ao contrário das opiniões esquerdistas, sabemos a importância que essas eleições têm para o avanço da luta ideológica e política.

Ademais, termos um presidente - no centro do mundo globalizado - aberto ao diálogo fraterno com os movimentos sociais e demais blocos que não comungam a opressão geopolítica e ambiental provocada pelos últimos governos na América do Norte é passo histórico nesse caminho. Obama tem a chance de reverter o quadro da estagnação sócio-ambiental para construir uma nova correlação de forças, direcionando o país para a governança realmente democrática e antenada aos anseios da paz e respeito à autodeterminação dos povos. Além disso, tem a obrigação de anunciar medidas efetivas para superar a hodierna crise do capitalismo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

6ª Bienal de Cultura da UNE : Salvador recebe festival estudantil

Que a Bahia tem muitos sabores e cheiros todo mundo já sabe, mas entre os dias 20 e 25 de janeiro, Salvador terá também muitos estudantes, com criatividade e energia para enfrentar a maratona da 6ª Bienal de Cultura da UNE (União Nacional dos estudantes). Serão cerca de 10 mil jovens de todos os cantos do País e da América Latina apresentando suas produções culturais e assimilando muito conhecimento, numa intensa troca.


Nesta edição, a Bienal, que comemora 10 anos, terá como tema "Raízes do Brasil: Formação e Sentido do Povo Brasileiro", que pretende discutir a formação do povo brasileiro de um ponto de vista atual e projetando os próximos passos. Por este motivo, a cidade-sede do evento é tão significativa, já que a importância histórica e contemporânea de Salvador para o País é indiscutível.


A 6ª Bienal inova mais uma vez, pois acontecerá simultaneamente em vários locais: Teatro Castro Alves, Pelourinho, Praça Castro Alves, Teatro Gamboa Nova, Teatro Vila Velha, Museu Henriqueta Catharino e Escola de Belas Artes.


O Festival traz uma grande e diversificada programação, dividida em debates, com temáticas que tratam de cultura, mas sem deixar de lado a educação e temas relacionados à juventude.


Além disso, a 6ª Bienal traz uma extensa programação cultural, que inclui apresentações de teatro e exibições de filmes. Todas as noites, o Pelourinho será o palco para shows de música abertos e gratuitos. Um dos primeiros a confirmar sua participação é Marcelo D2.


O evento conta ainda com seis mostras: Artes Cênicas, Artes Visuais, Ciência & Tecnologia, Cinema, Literatura e Música. Estas mostras se dividem em Mostra Estudantil, onde jovens de todo o País apresentam suas produções, e Mostra Convidada, que abre as portas do Festival para que profissionais tenham a oportunidade de apresentar seus trabalhos para os cerca de 10 mil participantes.


As mostras incluem ainda oficinas, minicursos e debates. Cada uma terá um homenageado, que é um expoente da área e que tem sua obra relacionada com o tema do evento.


Momento histórico


A 6ª edição da Bienal vai comemorar o 10º aniversário do Festival de Cultura e também marcará a volta do evento a Salvador, já que em 1999 aconteceu na capital baiana a primeira edição da Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE, 20 anos após a UNE ter sido colocada na clandestinidade pela ditadura militar. Esta edição marca ainda os 30 anos do Congresso de Reconstrução da UNE, realizado também na capital baiana, e que colocou a entidade novamente na legalidade.


O evento vai contar as presenças, já confirmadas, do ministro interino da Cultura, Roberto Nascimento; do presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abraão; do secretário Nacional de Juventude, Beto Cury; do ministro interino na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Elói Araújo; e do ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanuchi.


Entre os artistas, estão confirmadas as participações do músico Tico Santa Cruz e do artista multifacetado Jorge Mautner. Representantes de diversas entidades também participarão do evento, como a diretora da Central Única das Favelas (CUFA), Nega Giza.

ARTIGO SOBRE MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS

Retirado da revista eletrônica África e africanidades.

Mulheres negras brasileiras construindo identidades negras positivas: um caminho para a consolidação da cidadania?
Texto analisa o movimento de organização autônoma de mulheres negras enquanto sujeitos político.

Para acessar o texto clique aqui ou neste link alternativo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

UJS faz ato em solidariedade à Palestina no centro do Recife



A tarde desta quinta-feira (8) foi agitada nas ruas do bairro da Boa Vista, centro do Recife. Cerca de 100 militantes da União da Juventude Socialista se reuniram num ato em solidariedade ao povo palestino e em repúdio aos ataques israelenses na Faixa de Gaza.
A concentração do ato se deu na Praça Oswaldo Cruz, de onde os jovens seguiram em caminhada até a Avenida Conde da Boa Vista, parando o trânsito e distribuindo à população a nota divulgada nessa quarta-feira (7) pela UJS Pernambuco.

De lá, seguiram até a o Consulado americano ao som de palavras de ordem que exigiam a retirada das tropas de Israel da Palestina e o fim da política imperialista norte-americana naquela região. No Consulado, o ato se finalizou com bolas de tinta e sapatadas, em referência ao ocorrido com o presidente George W. Bush no último mês em Dezembro.



Para a Presidente Estadual da UJS, Silvana Paula, este foi um primeiro ato realizado em prol do povo palestino, mas outros serão realizados nos próximos dias. “Neste momento, estamos chamando a atenção da população para a causa. A partir daqui, vamos conversar com representantes dos movimentos sociais para que possamos lutar juntos e sejamos ouvidos”, explicou Silvana.

Há alguns dias Israel bombardeia a Faixa de Gaza matando mais de 700 palestinos e deixando cerca de três mil feridos. Ao mesmo tempo, mantém o bloqueio desumano ao povo da região, que se vê privado de combustível, remédios e até mesmo alimentação. A UJS entende que somente a o fim dos bombardeios terroristas de Israel à Palestina será posssível o reconhecimento deste Estado e a auto-determinação do seu povo.

Fonte: UJS Pernambuco:

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

FELIZ 2009 com muitas Conquistas e AXÉ

Ola Povo Negro , a UNEGRO deseja um feliz 2009 com muito axé e muitas conquistas para nosso povo, que a luta pela igualdade racial, o fim do preconceito e da intolerância religiosa, mais só vamos conseguir isso diante de muita LUTA e Conscientização do nosso POVO NEGRO por isso vamos a Luta , Carnaval ta as portas desfile em blocos Afros e conscientize o povo negro no carnaval com seus cantos e musicas deixados pelos nossos ancestrais AXÉ MEU POVO.

Bacural
Coord. de Juventude da UNEGRO-PE
Bacural_hc@hotmail.com
(81) 88456420