quinta-feira, 1 de setembro de 2011

QUINTA | 01 DE SETEMBRO | 20h | QUINTAL DO LIMA | GAFIEIRA É SAMBA | JORGE RIBA, NEGA DO BABADO & CARLO

Quinta feira dia 01 de setembro tem GAFIEIRA É SAMBA! Para não perder o compasso e se despedir do inverno, o sambista Jorge Riba realiza a sexta edição do Projeto "GAFIEIRA É SAMBA!", que reúne grandes sambistas do estado e de fora dele!!! Pelo projeto já passaram: Luisa Perola, Flavio Ribeiro (PR), Lucinha Guerra e Paulo Perdigão, Cleomar Paulista, Walmir Chagas e Dona Selma. Nesta edição, Jorge Riba traz aos palcos da Gafieira CARLO GILL & ADRIANA ARAUJO (Nega do Babado).

E nos entremeios muita salsa, bolero e muito samba antigo com o Discotecário NK CUMBIA!!!
Será de cair a Chapa e soltar a sola do sapato!!!

Quando: 01 DE SETEMBRO | 1a quinta feira do mês
Hora: a partir das 20 horas
Quem: JORGE RIBA | NEGA DO BABADO | CARLO GILL
Onde: BAR QUINTAL DO LIMA | Rua Capitão Lima, 100, Santo Amaro
Quanto: R$ 10,00 (dez Reais)
Lista Amiga: R$ 5,00 (e só ligar e deixar o nome)

E continua: professores de dança de salão terão acesso gratuito

Informações e inserção na "lista amiga": 81- 8544 6374/9463 2005 / 9761 6984


Ficha técnica:

realização: DUAFE PRODUÇÕES
parceria: QUINTAL DO LIMA
Produção: GABI APOLONIO
Coordenaçao de Palco: SANMY WILHER
Direção Musical: PARRÔ MELLO
Músicos: Bira Simão (Trombone), Chico Melo (Cavaco), Geraldinho Vicente (violão7), Hominho JS (percussão), Márcio Oliveira (Trompete), Parrô Mello (Sax), Renato Nogueira (percussão), Ricardo Sarmento (Percussão)

O SALÃO PROMETE ESQUENTAR NO "GAFIEIRA É SAMBA!" DE 04 DE AGOSTO
Será a vez de curar a ressaca com Walmir Chagas e Selma do Samba na próxima edição

Quinta feira, dia 01 de setembro, o Bar Quintal do Lima promete esquentar corações na sexta Edição do "GAFIEIRA É SAMBA!". Porque? O Projeto do sambista Jorge Riba, que já virou tradição na cidade, receberá toda a descontração de Nega do Babado e a performance musical com poemas escancarados do compositor Carlo Gill. Pernambucana da Gema, nascida no bairro de Água Fria, Nega do Babado começou sua carreira musical muito cedo. Desde 1997, quando começou a cantar em barzinhos, bandas de baile e de forró e trio elétrico, Adriana Araújo se desponta na cena musical pernambucana sendo considerada uma das mais belas vozes do estado. Mas foi em 2003 com a musica "Milk Shake" que Adriana Araujo se lança no mercado fonográfico nacional. Em 2006 Adriana Araujo retorna a suas origens, voltando a cantar sambas, coisa que ela sempre fez desde muito nova na quadra da GRES Gigante do Samba onde foi criada, e forrós. O que fazia no início de sua carreira. Desde 2009 a Nega do Babado não pisa em palcos da capital Pernambucana e pretende depois de 3 longos anos de espera retomar sua ligação artística com a cidade em que nasceu. A segunda atração é Carlo Gill, Cantor compositor e poeta, militante cultural negro Carlo Gill em seu trabalho mostra pra que veio. Nascido e criado em Recife, com 24 anos de carreira artistica e 13 CDs lançados do mercado, Carlo Gill leva o samba pernambucano para todo o Nordeste. No Gafieira é samba o cantor promete esquentar a platéia com sambas de altissima qualidade entremeados com poesias que refletem seu imaginário de infancia. E ainda para permanecer na empolgação: uma discotecagem de prima com o Discotecário NK Cumbia, com muita música para bailar, regado a salsa, merengue, bolero e son, para ninguém ficar parado. Gafieira é samba acontece todas as primeiras e terceiras quintas feiras do mês das 20h as 23h30 no Bar Quintal do Lima. A entrada custa R$ 10,00 (R$ 5,00 pela lista amiga). Informações 85446374/ 94632005 /9761 6984.


NEGA DO BABADO

A Recifense Adriana Araújo, a nossa Nega do Babado, iniciou, sua carreira artística em 1997 cantando em bandas de forró e em barzinhos. Em 2003, se lança em carreira solo, e desde então mostra a Pernambuco para que veio. Dona de uma voz invejada, sendo considerada uma das mais belas vozes pernambucanas, e com trabalho Milk Shake estourado em todo o Brasil, Adriana Araújo em 2006 resolve jogar tudo para o alto, seguir sua verdadeira paixão e retornar a suas origens: o forró e o samba onde cresceu e foi criada, pois sua família é ligada a GRES Gigante do Samba. Desde então Nega do Babado vem buscando com seu talento e versatilidade consolidar seu nome no clube da música de 1° escalão. “Sou muito sincera em dizer que gosto de aparecer, porém não vou passar por cima de ninguém para isso [...]”, comenta ela sempre com seu jeito despachado, “[...] e o que Deus reservou para mim, é só meu, e virá quando ele quiser, mas, nada impede que eu dê uma mãozinha (risos)”. Após 3 anos afastada dos palcos Recifenses, pois desde então a cantora viaja todo o Brasil e interior do estado, e dela para cá não surgiu nenhum convite de show na capital pernambucana, Nega do Babado pisará os palcos de Recife na próxima edição GAFIEIRA É SAMBA .

CARLO GILL

O cantor pernambucano Carlo Gill surgiu nos idos da construção da identidade negra em Pernambuco. Com 25 anos de carreira artística, e 13 CDs gravados, Carlo Gill, este negro que já viajou todo o nordeste se dedica ao seu novo show, lançado em julho deste ano: Vida. A partir das várias influencias musicais e de plásticas teatrais, a música do cantor e compositor Carlo Gill está centrada na musicalidade do blues, do jazz e da bossa-nova, este último muito o influenciou no inicio de sua carreira.




Para ver e ouvir Jorge Riba acesse

www.palcomp3.com.br/seuriba

www.myspace.com/seuriba

www.mpb.com/jorgeriba

http://jorge-riba.conexaovivo.com.br

www.youtube.com/tabanka2007

www.youtube.com/jorgeriba

www.youtube.com/watch?v=liAG1aq9gx0

www.youtube.com/watch?v=rTnq8GjuX6E

http://www.youtube.com/watch?v=yvqgosNHTKc&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=FeAQIh3antk

Facebook e Orkut: Jorge Riba

www.jorgeriba.com.br (em construção)


"Sou água de cachoeira
ninguém pode me amarrar,
piso firme na corrente
que caminha para o mar
em água de se perder
eu não me deixo levar..."


1º ENCONTRO PRE ESPORTE DO MANGUE



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A educação no século XXI

22/Ago/2011Por Lane Costa


Convidada a falar aos calouros do curso de licenciatura em geografia da UFMT, na semana passada, ensaiei possíveis começos para abordar o tema proposto: “A Educação no Século XXI”.

Optei por conceituar a educação a partir de Barbara Freitag ao escrever que, se há um consenso entre os educadores, é que ela sempre expressa uma doutrina pedagógica baseada numa filosofia de vida, concepção de mundo, homem e sociedade; seu processo se dá através de instituições específicas: família, igreja, sindicatos, partidos e escolas.

Fiz esse introito para chamar a atenção dos alunos de que um dos primeiros debates que enfrentariam na academia e na educação diz respeito à neutralidade. A educação e as instituições onde ela ocorre são prenhes de intencionalidades. Logo, não são neutras. Até mesmo o fato de não tomarmos posição quando a situação assim o exigir, já representa uma tomada de posição. Principalmente nessa quadra histórica onde os rumos da educação são amplamente debatidos.

Sendo a educação um fato social, um fenômeno próprio dos seres humanos, uma exigência “do” e “para” o trabalho e considerando a educação também trabalho, parti em defesa do conhecimento e compreensão de que um educador precisa ter claro três dimensões básicas: a técnica, a pedagógica e a política. Indissociadas.

Para tanto, expressei minha concordância com Libâneo/ Ferreira/ Toschi ao ressaltarem que ao professor “não basta, simplesmente, conhecer bem sua matéria, mas saber ensinar, ligar o ensino à realidade do aluno, seu contexto social, ter prática investigativa sobre seu próprio trabalho... participar de forma consciente”.

Sobre a dimensão técnica, achei oportuno ressaltar que no Brasil, influenciados pelo desenvolvimentismo estadunidense, nos anos de 1970, fomos contagiados por um tecnicismo agudo que impregnou o MEC e as instituições escolares de tal forma que, muitos educadores, numa posição de resistência, passaram a rejeitar a dimensão técnica da educação. Hoje temos claro que a mesma continua sendo muito importante.

Para a dimensão pedagógica, destaquei que o curso trará grandes contribuições, desde que os mesmos não esperem receitas prontas que os tornem professores. Como diz Vera Maria Candau, um bom professor se forja a partir de uma “postura” que vai se construindo a partir das duas dimensões já mencionadas e da terceira dimensão política.

Sobre essa, estrategicamente resguardada para o final, fiz questão de discorrer que está nesse campo a compreensão de que a educação no Brasil, sempre esteve a serviço das elites. Só na década de 1930 vai se falar em “educação para todos” pela primeira vez. Isso quando o país começa a se transformar de uma economia estritamente agrária para um processo advindo da industrialização.

Desde então, grandes disputas permearam a educação e ela esteve polarizada: de um lado os privatistas e de outro aqueles que se colocavam em defesa do ensino público, gratuito e com qualidade social. Nesse processo, a legislação sempre foi o resultado dessa disputa de forças. Foi assim com a Lei 4.024/61, primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB –; depois com a Lei 5.540/68, que reformula o ensino superior; a Lei 5.692/71 que reforça a escola para as elites e escola para os trabalhadores quando cria o ensino de 1º e 2º graus, sendo o último de cursos técnicos.

Vem a redemocratização do país. Em 1988 a Constituição Federal traz avanços para a educação ao tratar da gratuidade, gestão democrática, da valorização profissional, piso salarial, ensino noturno, educação especial, educação infantil, financiamento e outros.

Com o aprofundamento do neoliberalismo, a educação retrocede. Ocorre uma violenta ofensiva contra os direitos do povo e uma resistência organizada da sociedade. Uma fase de privatizações e sucateamento é implementada. Era o fim do estado de bem-estar-social. É nesse cenário que a Lei 9.394/96 – LDB – é aprovada no governo FHC, representando uma derrota circunstancial para os defensores da educação pública com qualidade social.

A eleição de Lula interrompe um projeto que se sagrava, politicamente, vitorioso. Durante seus dois mandatos, mudanças na política externa do país, o trato à soberania nacional, a mudança na lógica política econômica X políticas sociais, traz ao povo brasileiro esperanças. Na educação, a expansão da rede federal, o Reuni, o aumento de investimentos na educação básica, pesquisas, bolsas, concursos públicos e outros, é um grande diferencial nunca visto antes na história do país.

Só que isso não foi e nem deve ser suficiente. Sabemos que tanto os governos de Lula e esse de Dilma são pautados por conflito de forças. Ainda há muito de “neo (liberal)” entranhado no centro do governo.

E é aqui que comungo com meu autor predileto, Demerval Saviani, que ao discorrer sobre a “educação no centro do desenvolvimento econômico” ressalta que a nossa luta deve ser pela ampliação dos recursos da área social, lutando intransigentemente contra qualquer tentativa de privatização e pela mudança do modelo de desenvolvimento, superando a dicotomia entre política social e política econômica.

Ele ainda destaca que “se quisermos, de fato, promover o desenvolvimento do Brasil, a educação precisa ser entendida como fator estratégico de desenvolvimento”. Só assim atacaremos de frente e ao mesmo tempo os problemas da saúde, pobreza, combate à fome, segurança, desemprego, habitação, etc.

Portanto, ao concluir minha contribuição ao debate sobre a “Educação no Século XXI”, o fiz desejando que os futuros professores tenham compreendido que educação é luta, espaço de tomada de decisões, de construção de utopias, possíveis!





Por Lane Costa

Mulher Negra pode ocupar vaga no Supremo


Apesar do apoio de petistas a Maria Elizabeth Rocha, ministra do Superior Tribunal Militar, torná-la uma das favoritas para posto, Dilma será conseqüente com sua decisão de fortalecer as mulheres se perceber que entre elas existem as negras.

10/Ago/2011 Por Edson França

Desembargadora Neuza Maria Alves da Silva

Foto de UBIRAJARA MACHADO





A sucessão da ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Ellen Gracie pode ter surpresa se Dilma Rousself manter firme sua determinação de promover mulheres aos espaços de poder. Segundo a Folha de São Paulo há sete mulheres na disputa desse importante cargo: Maria Elizabeth Rocha, Ministra do Superior Tribunal Militar, indicada por Lula, atualmente conta com apoio de José Dirceu e do ministro Toffili.

Sylvia Steiner, juíza do Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia - Holanda, o mandato encerra em 2012, é público a intenção da ministra Ellen Gracie ocupar esse cargo após sua aposentadoria. Sylvia Steiner conta com apoio dos ministros Cezar Peluso, presidente do STF, e Ricardo Lewandowski.

Flávia Piovesan, da Procuradoria do Estado e da PUC-SP, com forte atuação na área de direitos humanos, conta com o apoio do ministro da justiça José Eduardo Cardoso e de setores do movimento de direitos humanos e movimentos sociais. Trata-se de uma jurista com profundo compromisso com as ações afirmativas para mulheres, negras e negros.

Duas potenciais candidatas vêm do STJ (Superior Tribunal de Justiça), caminho natural para o STF, Fátima Nancy Andrighi e Maria Thereza Rocha Moura, a segunda conta com a simpatia do ex-ministro da justiça no governo Lula, Marcio Tomaz Bastos. Outra candidata é Eunice Carvalhido, muito conhecida entre os juristas em Brasília, esposa do ministro aposentado do STJ, Hamilton Carvalhido, está no páreo, pode vir a ser a ocupante da vaga deixada do Ellen Gracie.

A grande surpresa será a escolha da desembargadora Neuza Maria Alves da Silva. Primeira desembargadora negra do Brasil, baiana, tem o apoio do governador Jaques Wagner (PT) e certamente de todo o movimento negro brasileiro. Apesar do apoio de petistas a Maria Elizabeth Rocha, ministra do Superior Tribunal Militar, torná-la uma das favoritas para posto, no universo de nomes colocados, Dilma será conseqüente com sua decisão de fortalecer as mulheres se perceber que entre elas existem as negras, ou seja, imitar Lula é fácil, o desafio atual é de avançar.

O Brasil conseguirá fincar firmes estacas contra o racismo na medida em que compreende que as mulheres negras acumulam graves desvantagens econômicas e sociais, fato que incide negativamente na qualidade de vida, auto-estima, perspectiva de futuro de mais de 25% da população brasileira.
A presença de uma negra na mais alta corte da nação enseja um gesto importante, de alto valor simbólico para a população negra brasileira, especialmente, às meninas e jovens negras ávidas de exemplos de conquistas de mulheres com os mesmo traços fenotípicos de suas, avós, mães e tias. Está na hora do movimento negro manifestar-se.




A cor dos brasileiros e a chaga do racismo

O racismo é uma chaga, como ficou demonstrado por dois acontecimentos dos últimos dias.

03/Ago/2011 Por José Carlos Ruy


No mais cruel deles, um extremista de direita norueguês, que não merece ter seu nome mencionado, matou 76 pessoas em Oslo para, como admitiu, iniciar uma guerra racial “em defesa da Europa”. Ele se apresenta como antimuçulmano, odeia negros, árabes e migrantes, e quer a supremacia branca sobre o mundo, portando-se como uma espécie de “cruzado” em pleno século 21.

O outro acontecimento envolve as manifestações racistas postadas na internet contra a nova Miss Itália Nel Mondo 2011, a brasileira Silvia Novais. Ele não é tão sanguinolento mas está na raiz de comportamentos criminosos como este do atirador direitista de Oslo; Seus autores são direitistas europeus partidários da supremacia branca e, como não podia deixar de ser, de Adolf Hitler. E que, como o criminoso de Oslo, não suportam negros, árabes, judeus, imigrantes e outros seres humanos que não partilham suas origens étnicas, seus preconceitos e seus interesses.

Para nós, brasileiros, estes acontecimentos não podem ser encarados como realizações de “desequilibrados mentais”, como usualmente se pensa e difunde. Ao contrário, eles dizem respeito diretamente a nós e à nossa identidade como brasileiros – como demonstra, sobejamente, a agressão contra Sílvia Novais. Somos os habitantes de um país encarado pelos supremacistas eurocêntricos como racialmente inferior que, nas condições atuais do mundo, faz parte do conjunto de nações que ameaça o predomínio do “Ocidente” – isto é, de países como Estados Unidos ou daqueles que formam a União Europeia.

Isso num momento em que os brasileiros estão acertando as contas com sua própria identidade, como revelam os resultados divulgados dia 22 da “Pesquisa das Características Etnorraciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça” feita pelo IBGE em 2008, em 15 mil residências no Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal. Ela mostrou que metade dos brasileiros se consideram “brancos” (50,3% do total, incluindo minorias que se declaram alemães, italianos ou “claros”), ao lado de outra metade (48,4%) que se autoclassificou em identidades não-brancas, como morenos, pardos, negros, pretos, índios, amarelos e outras variedades de tonalidade da pele.

Está para lá de demonstrado que não existem raças entre os seres humanos, e muito menos uma hierarquia que possa distinguir segmentos superiores e inferiores com base na cor da pele ou de origens étnicas. O trauma terrível provocado pelas práticas nazistas esteve na base da condenação e desmoralização, inclusive pela ciência, dos preconceitos que levaram ao assassinato em massa de pessoas de origens diferentes durante o governo dirigido por Adolf Hitler. Preconceitos que ainda persistem entre extremistas de direita não apenas na Europa, mas espalhados pelo mundo e também entre nós, brasileiros.

A história do racismo brasileiro é a crônica de uma infâmia que cresceu durante o longo passado escravista e se fortaleceu depois de 1888 e da abolição da escravidão.

Os supremacistas brancos tupiniquins chegaram a tentar marcar uma data para a eliminação final do sangue negro entre nós; alguns pensaram que isso ocorreria em algumas décadas; outros acharam que levaria alguns séculos. Um deles, João Batista de Lacerda, que era diretor do Museu Nacional, sustentou no I Congresso Internacional de Raças, realizado em Londres, em 1911, que em um século a população brasileira teria se livrado dos vestígios negros e seria racialmente branca. A base dessa verdadeira alucinação era a crença vigente de que enquanto sua população fosse formada majoritariamente por negros e mestiços, o Brasil seria incapaz de se civilizar pois esta seria, segundo o racismo imperante, uma prerrogativa de povos brancos e europeus.

Aqueles cem anos se passaram e o “embranquecimento” da população não aconteceu; ao contrário, o que predomina no Brasil são os mestiços de pele morena, indicando uma notável contribuição brasileira para a civilização: a mistura de povos de origens diferentes, que vai constituindo a humanidade do futuro e fundamentando uma civilização que, fortemente influenciada pela Europa, não renega mas incorpora as demais matrizes igualmente fortes e fecundas, formadas pelos povos indígenas e africanos.

Esta é uma das constatações da pesquisa divulgada pelo IBGE e que confirma o que os especialistas já sabiam sobre nosso povo. Mas o quadro está longe do colorido róseo imaginado pelos conservadores brasileiros segundo os quais aqui existiria uma “democracia racial” baseada na tolerância e na mestiçagem. Todos sabemos, no fundo de nossas convicções, que este quadro não é verdadeiro e que o racismo continua sendo uma chaga cotidiana, apesar dos avanços das últimas décadas que resultaram das lutas do movimento negro e dos setores democráticos e avançados do país que também assumem como sua a resistência contra o racismo.

Neste sentido, os resultados da pesquisa são unívocos. Quase dois terços (63,7%) das pessoas entrevistadas (de todos os matizes de pele) reconhece os efeitos do preconceito no dia a dia dos brasileiros. Estes efeitos se manifestam no trabalho (71%), nas relações com a justiça ou a polícia (68,3%), no convívio social (65%), na escola (59,3%), nas repartições públicas 51,3%) e por aí vai. É um escândalo que precisa ser combatido. É o ovo da serpente do racismo que recusa a convivência com a diferença e pode matar, como já ocorreu no passado e repetiu-se em Oslo na sexta-feira.

O racismo brasileiro não é pior nem melhor do que qualquer outra forma de tentar afirmar a superioridade de uma parte da população sobre outra com base na cor da pele ou na origem étnica. Ele é apenas diferente e tão cruel quanto qualquer outro, apesar das particularidades que o distinguem dos demais racismos. Mata e mutila da mesma maneira quanto os demais, com a diferença de que, por aqui, seus efeitos nocivos são disfarçados e não explícitos, como ocorre em outros lugares – basta examinar a estatística de assassinatos ou de mortos pela polícia para se ter uma ideia da dimensão da letalidade do racismo brasileiro.

Uma convivência mais amigável entre os “diferentes” pode ser uma grande contribuição brasileira para a civilização. Mas ela só será efetiva quando nós, brasileiros, conseguirmos superar o racismo que permanece entre nós. E esta será, tenho certeza, uma conquista civilizatória de nosso povo em benefício da humanidade e também das relações humanas dentro de nossas fronteiras.