terça-feira, 20 de julho de 2010

Não ao preconceito

Antônio Rufino: palavra macumba teria sido citada como uma alusão a "coisas do diabo" por algumas mães de alunos Foto: Juliana Leitão/DP/D.A Press


O pernambucano Antônio Rufino é o cara. Negro, estudioso (com mestrado e cursando doutorado), o professor de português e inglês da Escola Estadual Manoel de Bastos Tigre, em Arthur Lundgren I na cidade de Paulista, tem a melhor compreensão do 13 de maio, lembrado no dia de ontem. Com o olhar muito além do marco cívico e da sanção da lei que extinguiu a escravidão no Brasil, as atitudes de Rufino fazem lembrar que o 13 de maio representa luta. Após entrar em "depressão" por ter sido vítima de "discriminação étnica" e de "intolerância", durante a festa do Dia das Mães onde leciona, Rufino fez a sua parte como cidadão. Desde o último domingo, iniciou a busca por uma "reparação moral" pela "violência" a que diz ter sido exposto. Por e-mail, mobilizou colegas de profissão e instituições ligadas ao movimento afro pedindo apoio para evitar que o "preconceito cultural" persista ou se propague entre pais e alunos. "Não posso deixar que essa discriminação com o negro continue",disse Rufino ao Diario.

O professor Antônio Rufino sensibilizou e acaba de envolver a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Diversidade da Gerência Regional de Educação da Região Metropolitana Norte (Gre Metro Norte), uma instância da Secretaria de Educação de Pernambuco que media conflitos em 117 instituições em sete municípios do estado. O coordenador da comissão, Nicodemos Felipe de Souza, requereu à diretoria da escola um relatório sobre o ocorrido na festa do Dia das Mães e sobre a diretriz pedagógica e ações de combate à intolerância na unidade. De qualquer forma, já adiantou: deve intervir no caso, promovendo encontros com professores, pais e alunos para amenizar comportamentos racistas e autoritários no convívio social. "Estudaremos o caso, mas com certeza situações como essa têm o preconceito como pano de fundo. A discriminação racial aparece de forma invisível", explica, ressaltando que a função do grupo não é de policiamento; visa orientação de valores.


Eis o episódio que gerou a celeuma: o professor Antônio Rufino sugeriu um projeto para apresentações de danças envolvendo estudantes das turmas de 5ª, 6ª e 7ª séries do ensino fundamental. Para os da 7ª série, trabalhou o livro O corpo fala, teoria do educador e psicólogo francês Pierre Wiel. Coube a esses garotos um número de dança, com a releitura de uma música do grupo Cordel de Fogo Encantado. Três jovens (só um da escola) usaram figurinos africanos e dançaram coreografias com a mesma temática. Rufino - mestre em identidade cultural e doutorando nas questões de memória e resistência - apoiou a atividade, vestindo-se com uma caftan (espécie de bata colorida e típica). Um grupo de mães não gostou. Em reclamação à diretora, Roselina Cândida, elas condenaram a atitude do professor, acusando-o de fazer apologia à "macumba". A palavra "macumba" teria sido citada, segundo o professor, de forma pejorativa, como uma alusão a "coisas do diabo". Foi o assunto da semana na escola.


O episódio é pequeno para quem não vê o conjunto das críticas e o simbolismo da luta do professor Antônio Rufino e de uma cultura negra pouco respeitada, mesmo 122 anos depois do fim da escravatura. Na visão de especialistas, aceitá- las ou incentivá-las pode representar racismo institucional ou falta de conhecimento de leis brasileiras e da democracia no que toca questões étnicas. Poucos gestores sabem ou aplicam, mas desde 2003, a lei federal nº 10.639 obriga a inclusão da história e cultura afro-brasileiras como parte do currículo oficial das escolas do país. Antônio Rufino tentou colocar a lei em prática. Deveria ser copiado.

Um comentário:

Alexandre Davy disse...

Racismo explicito na Internet

Um advogado de Belém, Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira, faz uso de um blog para divulgar mensagens depreciativas contra os negros e a religiosidade afro-brasileira. Inclusive tenta associar as culturas africanas ao nazismo. Copio aqui alguns dos links e das passagens mais abomináveis. Esta criatura espalha milhares de mensagens pela Internet com o bizarro nick de Conde Loppeux de la Villanueva.

Sábado, Setembro 12, 2009
http://cavaleiroconde.blogspot.com/2009/09/fazer-parte-de-uma-minoria.html

Quando chegamos à Igreja, encontramos velas acessas pela porta, como que querendo imitar um terreiro de macumba (se bem que a arquitetura da Igreja Luterana daqui lembra mais um templo pagão).

Se há algo perceptível na mitologia e religião africana é a carência de pressupostos morais absolutos. O mal parece andar lado a lado com o bem. O prazer imediato do homem que deseja a mulher negra vale o preço espiritual de destruir sua própria eternidade, a concepção mesma do bem supremo em Deus.

A religiosidade da umbanda pode conviver perfeitamente com a macumba, sem que isso implique necessariamente contradições de princípios éticos e morais.

Pelo contrário, a África é um antro de tribalismo racista entre negros, com suas guerras literalmente genocidas.

Pra que serve o culto racial africano, senão para fragmentar, gerar conflitos inexistentes sobre a mestiça população brasileira? Acaso os ateus marxistas vão virar macumbeiros?

Quarta-feira, Maio 20, 2009
http://cavaleiroconde.blogspot.com/2009/05/catolicismo-de-aparencias.html

Lamento, caro colega: não compartilho do “ecumenismo” que destrói a Igreja como Verdade e a transforma num gosto como outro qualquer, tal como macumba de encruzilhada, Santo Daime ou horóscopo de I Ching.

Segunda-feira, Julho 14, 2008
http://cavaleiroconde.blogspot.com/2008/07/o-adepto-da-religio-civil.html

O ódio anticristão do jornalista chega a ser patético. Um ateu como ele é capaz de aderir até a defesa das práticas tribais africanas da macumba para criticar a religiosidade católica.

Sexta-feira, Novembro 23, 2007
http://cavaleiroconde.blogspot.com/2007/11/o-dia-da-conscincia-racista-negra.html

Zumbi nunca foi contra a escravidão. Como todo africano do século XVII, era um tiranete tribal que escravizava seus inimigos, entre os quais, os próprios negros.

Se os africanos ganhassem a guerra contra os portugueses, o Brasil seria uma gigantesca tribo africana, uma imitação do atraso do continente negro.

Segunda-feira, Novembro 27, 2006
http://cavaleiroconde.blogspot.com/2006/11/o-leviat-e-seus-possessos-espirituais.html

O militante negro racista, insuflado pelo ódio vazio da raça, vira instrumento de divisão social e alimenta mais ainda a segregação que tanto condena. O culto tribal das origens africanas extintas o isola da sociedade ocidental que o acolhe nas democracias. Lembra o nazismo, com suas idolatrias fictícias às Valquírias e aos deuses pagãos germânicos. Qual negro ocidental e cristão, em sã consciência, vai voltar às origens do vodu e da umbanda?